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Introdução

O contexto do RPG se passa no verão de 1980, tendo como núcleos principais o Acampamento Júpiter, na Califórnia, e o Acampamento Meio-Sangue, em Nova York, abordando o conflito entre os dois povos que há tempos lutam pelo direito de carregar o legado dos deuses. É de vital importância a leitura da trama para melhor entendimento do jogo.

1. Os últimos de nós

Me viro na cama à noite, estou desesperada por um pouco de sossego, mas não posso encontrá-lo, estou tomada pelo saber, pela previsão de um futuro que nos destruirá...  Se não agirmos, seremos esmagados. Por ele. Atos que nem são nossos, um suspiro escapa e sinto as mãos geladas, porquê sinto tanto frio? Isso é incomum...

 

O que faria um ser imortal perder o sono?

Imortais sonham?

 

Alguns temem por eles, os sonhos, a mente de um ser divino pode ser traiçoeira, eles podem ser amargos como os homens, torpes, egoístas. Eles falham, ah e como falham, ditam as regras então as quebram, mas quando os homens tentam fazê-lo, são punidos. Lembra-te da tragédia grega perfeita? Édipo, sim o mesmo que tentou lutar contra o seu destino. Fugiu da cidade para não matar seu pai, e assassina-o sem saber. Oh, pobre Édipo. Desculpe-me, acabei por devanear demais. Preciso avisar-lhes, mas minha mente está confusa, dói. O meu pai, ele… Bom, ele começou a sonhar, supostamente Zeus não deveria fazê-lo, o maldito não deveria receber avisos de seu fim. Uma criança indesejada, Hera mencionou que era o que ele repetia dormindo. Nunca tivemos tempestades tão aterradoras como as daquela noite, talvez fosse abril o mês? Quanto mais tento lembrar, mais dói. Não deveria doer, deveria? Enfim, as histórias que se contam não são novas. “Um filho, indesejado, será o motivo de sua queda.", Ora sendo assim não era apenas evitar uma nova geração até que sua mente descansasse? Pena que para uma divindade, ele tinha grandes poderes e responsabilidade alguma. Coube a Hélio, o titã benevolente, que tudo vê, tudo acompanha tentar evitar a queda do Olimpiano que, com o auxílio dos irmãos que tanto engana e sobrepuja os livrou de Cronos. A contragosto ele lhe fala onde está a prole rejeitada, um fruto de um Titã, é tudo que se sabe. Uma filha. Onde ela se escondeu? Como se escondeu? Bom, não há tempo para essas bobagens, um homem como ele é prático: Mate-a. Eu não vou cair. “Hypokrisías” o grego que originou hipocrisia, no latim ”Hypocrisis.”, como é canalha. Derrubou seu pai por muito menos e agora atinge descendentes de titãs, aqueles que não estariam neste mundo maldito não fosse sua própria obra, luxúria maldita, lascívia torpe pela qual alguns divinos são tomados. Isso é irritante. É cansativo. Ele é um assassino. Quíron é o algoz, ele e suas crianças, os seus seguidores perseguem a criança rejeitada seriam a causa de sua morte? Oh, desgraçado. Como pôde fazer isso com ela? Como pôde? Ela era inocente. Ela não pediu para estar aqui. Isso dói. Então eles foram a linha final para ela e ela foi ferida. Foi deixada lá para definhar. O deus não especificou como gostaria da morte, ele não se importou. Não se importa. Erro dele. No fundo da terra, uma semente. Sementes são pacientes, elas demoram o tempo que for e algumas nem precisam de água ou atenção, para germinar. 

 

Seu nome é Apollyon, eu o conheço, eu o temia e respeitava. E é guardião do Tártaro, da porta que separa os vis de bondosos, ao menos em tese, separava. As trevas habitavam-no, desde os primórdios e poucos atentaram-se a isso, como eram tolos. Abram-se portas, uma brecha pequena, pois uma alma vai passar para o limbo. Ela está pronta? Sufocando e cheia de dor, ela apenas suplica para que o fim lhe tome logo e Apollyon aparece defronte à jovem, ela não o teme, mas não tem coragem de olhá-lo, ela se envergonha. Se sente fraca, patética. Está sozinha. Ele diria para que não tivesse medo, mas apenas um idiota para não fazê-lo. Um pedido. Acabe com isso. Acabe com a dor dela. Olhe nos olhos dele. Não. Não olhe. Você não sabe quem ele é, mas ele sabe quem você é, criança. Ele sabe. E eis que está selado. Quando os olhos mortificados se deitam sobre os olhos inocentes e sofridos a janela está aberta, as portas estão abertas. Passe criança. Passe para o outro lado. Ao menos não sentirá mais dor. 

 

Seu corpo? Oh, ele deveria ter um enterro adequado, eu o faria se estivesse ciente de seu estado, eu teria lutado por você. Sei que sim, mas agora você está morta. Em breve estarão todos. Ele tomou seu corpo, afinal que uso você daria à ele? Está entre nós, para destruir, machucar, reivindicar suas vontades. O que pretende, ó guardião? Um enviado do Caos, que veio acabar com tudo? Ele vai guiá-los para o Quinto mundo, ah o mundo que fora esquecido e está às portas… Por falar nela, quem vigia o Tártaro agora que o sentinela se foi? Oh, não. Ninguém vigia, ainda não se levantou ser forte o suficiente para tal. Os monstros continuam voltando e nos atormentando, eles sabem quem somos e o que podemos criar, eles estão vindo. Estaremos preparados? Fecho meus olhos e de repente o escuro, não a paz, apenas a escuridão. Olá, velha amiga.

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